sábado, 19 de maio de 2012

Berrões ou Verracos 


Esculturas esculpidas geralmente em granito, representado figuras zoomorficas, representa na sua grande maioria porcos domésticos ou javalis. Estima-se que a época em que estas estátuas foram esculpidas foi entre a metade do século IV a.C. e o século I a.C. (II Idade do Ferro)
Das cerca de 400 esculturas conhecidas, as figuras mais frequentes são as de porcos machos. O vocábulo berrão foi inspirado no termo usado para designar os porcos não castrados.
Em Portugal a escultura mais famosa é a de Porca da Murça, escultura que deu inclusive origem ao nome da povoação, bem como a uma lenda local...




"Segunda a lenda, era no século VIII esta povoação e o seu termo assolados por grande quantidade de ursos e javalis. Os senhores da Vila, secundados pelo povo, tantas montarias fizeram que extinguiram tão daninha fera, ou escorraçaram para muito longe. Mas, entre esta multidão de quadrúpedes, havia uma porca (outros dizem ursa) que se tinha tornado o terror dos povos pela sua monstruosa corpulência, pela sua ferocidade, e por ser tão matreira que nunca poderia ter sido morta pelos caçadores. Em 775, o Senhor de Murça, cavaleiro de grande força e não de menor coragem, decidiu matar a porca, e tais manhas empregou que o conseguiu; libertando a terra de tão incomodo hóspede. Em memória desta façanha se construiu tal monumento, alcunhado "a Porca de Murça", e os habitantes da terra se comprometeram por si e seus .sucessores, a darem ao Senhor, em reconhecimento de tão grande benefício, para ele e seus Herdeiros, até no fim do inundo, cada fogo três arráteis de cera anualmente, sendo pago este foro mesmo junto à porca. (Leal, Pinho, 1875)"



Berrão de Vilas Boas, Vila-Flôr. 




Castelo Mendo, Guarda

A quantidade de Berrões, existente no nordeste de Portugal, pelo menos 49, testemunham uma manifestação de apreço perante estes animais. 
Recentes estudos arqueológicos têm cada vez mais confirmado sociedades da II Idade do Ferro, muito ligadas à esfera simbólico e religioso. O culto e sacrifico de determinados animais, é testemunhados por registos arqueológicos, epigráficos e documentais.


Na Meseta Espanhola, existem centenas de esculturas com as mesmas características. Estando estas normalmente associadas aos Vetões (Povo Pré-Romano, com origens e influências continentais e Celtibéricas).
Na cidade de Ávila, é possível visitar um museu com um vasto conjunto destas esculturas. 













Castro de São Lourenço - Esposende
 
Tipo de Sítio – Povoado Fortificado
Cronologia – Idade do Bronze, Idade do Ferro, Romano, Idade Média 
Localização – freguesia de Vila Chã, concelho de Esposende. 
Acessos – 41° 33′ 22″ N8° 45′ 40″ W
Na Cidade de Esposende, existem um conjunto de indicações para o Castro de São Lourenço, acesso relativamente fácil, visita gratuita.
Bibliografia - ALMEIDA, Carlos A. Brochado e CUNHA, Rui M. Cavalheiro da, O Castro de S. Lourenço. Vila Chã–Esposende, Ed. Câmara Municipal de Esposende, Esposende, 1999 ALMEIDA, Carlos A. Brochado de,O castro de São Lourenço Vila Chã (Esposende), Actas da Conferência Internacional do Seminário Cultura castrexa: accións e estratexias para o seu aproveitamento socio-cultural, Ed. Xunta de Galicia, 2006. p. 67-99 BETTENCOURT, Ana, et aliiO povoamento do Calcolítico do alvéolo de Vila Chã, Esposende (Norte de Portugal) Notas a propósito das escavações arqueológicas de Bitarandos, rev. Portugália, ed. Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (DCTP-FLUP), Porto, Nova Série, vol. XXIV, 2003. p 35






Breve descrição do povoado

No séc. II a.C. e I d.C. foram construídas uma série de casas redondas, cobertas com palha e outros elementos vegetais e que viriam a ser destruídas por um grande incêndio, facto que haveria de conduzir a uma grande remodelação em toda a aldeia com a construção de novas casas, dispostas em patamares sabiamente arquitectados, sustentados por poderosos muros de suporte, por sítios onde o terreno se apresentava mais declivoso. Foi também por esta altura que foram introduzidos acrescentos à tradicional área coberta das casas com os vestíbulos ou "caranguejos" – assim designados por lembrarem os crustáceos – e alguns empedrados, verdadeiros espaços de circulação que pretendiam ordenar uma anárquica distribuição dos antigos modelos habitacionais, numa disposição mais organizada e de acordo com os princípios da ortogonalidade do urbanismo romano. 
















Dessa altura é a distribuição das casas por núcleos familiares, organizados em redor de um pequeno espaço lageado e contornado por muros que poderão, nas zonas em declive, funcionar também como muros de suporte. Os núcleos familiares comportavam três ou mais estruturas cobertas e a entrada far-se-ia a partir dos arruamentos, dificilmente rectilíneos, devido aos condicinalismos topográficos e à anterior existência de estruturas que não puderam ser desmanteladas na altura em que o castro foi sujeito a uma grande remodelação. O ponto central de cada núcleo era o espaço lageado para o qual se abriam as portas de diversas construções, fossem elas habitação, arrumos, currais ou celeiros. O lageamento facilitava a circulação, dificultava a inflitração de água nos alicerces das casas e permitia que funcionasse como eira na secagem de frutos e cereais.

    Almeida, Carlos A. Brochado de; Cunha, Rui M. Cavalheiro da - "O Castro de S. Lourenço Vila Chã - Esposende", Esposende, Câmara Municipal de Esposende. Serviços de Arqueologia, 1997.

O material arqueológico exumado nas diversas intervenções arqueológicas ocorridas encontra-se sob a guarda dos Serviços de Arqueologia da Câmara Municipal de Esposende, estando o mais significativo exposto no Museu Municipal de Esposende.
Fragmentos de cerâmicas indígenas com estampilhados, cerâmicas romanas, de produção local e importadas,  terra sigillata , fragmentos de vidros, moedas com diferentes cronologias e ânforas.
Vários objectos em bronze e ferro (pontas de lança, foices, facas, badalos, etc) usados nas diversas actividades, assim como fíbulas (fivelas) e alfinetes (Actus) de cabelo.

Alguns destes objectos podem ser observados no 
Museu Municipal de Esposende.








quarta-feira, 16 de maio de 2012

Povoado do "Castelo do Giraldo" 



Tipo de Sítio – Povoado Fortificado
Cronologia – Neolítico, Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro, Idade Média 
Localização – Nossa Senhora da Guadalupe, Évora 
Acessos – Direcção Nossa Senhora da Guadulpe, depois seguir indicações até ao Povoado.
Bibliografia - PAÇO, Afonso do e VENTURA, José Fernandes (1960) - Castelo do Giraldo (Évora). I Trabalhos de 1960. In Revista de Guimarães. Guimarães. 71:12, p. 2749
MATALOTO, Rui, (1999) Revista de Guimarães, Volume Especial, I, Guimarães, pp. 333-362



Descrição - 

O Castelo do Giraldo “assenta num dos contrafortes da Serra de Monfurado,
numa elevação que dela se desprende e atinge a cota de 334 metros, dominando a
vasta planície que para o Oriente lhe fica aos pés” (Paço e Ventura, 1960, p. 34).



A localização de excepção reconhecemo-la pelo modo como controla a
paisagem envolvente: desde a planície de Vale Rodrigo, a Sul, a todo o vale das
Ribeiras de Valverde e Peramanca, para Norte. Somente para Oeste a visibilidade a
partir do povoado se encontra truncada pela serra. (Mataloto, Rui, 1999, p. 5) 

Com ocupação desde o neolitico final, calcolitico inicial ter-se-à construido a primeira muralha. Após um periodo de abandono, a fortificação foi reutilizada na Idade do Bronze.




Para a  Idade do Ferro, os testemunhos materiais têm comprovado uma evidencia de materiais que correspondem a cronologia para os finais da II Idade do Ferro.












O povoado só voltaria a testemunhar ocupação na Baixa Idade Média, altura em que foi construída a muralha interior (aparelho muito diferente dos anteriores). Ainda assim, os materiais atribuíveis a esta ocupação são escassos e de difícil enquadramento cronológico.








A designação de "Castelo do Giraldo" está associada a figura do nobre Giraldo, Sem Pavor, um guerreiro da Idade Média, que triunfou na luta contra os Mouros, sendo este, o líder responsável pela tomada de Évora, oferecendo depois a vitória e a região ao então Rei Português D.Afonso Henriques, em 1165. 
A lenda local associa o povoado como o "castelo de Giraldo", que terá sido em tempos o refúgio e local estratégico de preparação para a tomada de Évora.



Uma estátua alusiva ao Giraldo, Sem Pavor, foi criada durante o Estado Novo, enaltecendo a cabeça humana como troféu. Um registo que apesar do seu carácter peculiar ainda hoje pode ser observado na freguesia de Tourega, arredores de Évora.


quinta-feira, 3 de maio de 2012




Idade do Ferro no Museu Arqueológico José Monteiro, Fundão

O Museu Arqueológico José Monteiro no Fundão foi inaugurado a 25 de Fevereiro de 2007 e corresponde a um polo cultural muito importante para a dinamização da Arqueologia na região.

Com uma forte vertente pedagógica e didáctica, tem em exposição peças muito interessantes desde a Pré-História até ao Período Romano.

http://www.museuarqueologicofundao.com/



Para a Idade do Ferro este museu tem em exposição peças muito interessantes e raras no contexto nacional. Procedentes principalmente do Povoado da Tapada das Argolas na Capinha, uma fibula tipo "Cavalinho" bem como uma Espada tipo "La Tène" aproximam a região de âmbitos culturais denominados "Continentais" ou Celtiberos.
O carácter raro destas peças, assim como a exposição permanente e a temporária de outros contextos cronológicos de igual modo interessantes obrigam-nos a sugerir uma visita a este Museu, que foi já varias vezes premiado como melhor Museu pela APOM.


Rua do Serrão, Nº 13-15, 6230-418 Fundão - PORTUGAL
TLF: 275 774 581 - FAX: 275 774 583 - TLM: 961 941 287
GPS - Latitude 40° 8'10.49"N - Longitude 7°30'0.20"W

PEÇAS DA IDADE DO FERRO 

 Fíbula tipo "Cavalinho"
   Espada tipo "La Tène" (Celtibero)